A Rainha Vermelha - Victoria Aveyard [Resenha]

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Livro: A Rainha Vermelha
Autor: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Ano: 2015
Páginas: 424
Classificação: 5/5 


TODO MUNDO TRAI TODO MUNDO.

Essa é a frase que aparece várias vezes nesse livro, difícil de levar tão a sério no início, mas ganhando força total pelo resto da trama tornando o leitor um paranoico da pior espécie.
É um aviso claro, direto e ameaçador, que não poderia estar mais certo.
Ninguém é totalmente confiável. Duvide de todos. Duvide de si mesmo.
A melhor parte é que a autora Victoria Aveyardcria personagens tão cativantes e incrivelmente reais que é difícil não torcer e se apaixonar por cada um deles, mesmo sabendo que são falhos muitas vezes egoístas e dispostos a qualquer sacrifício para obter o que querem.
É um martírio.
É uma agonia.
É desesperador.
É um dos melhores livros que eu já li.
A Rainha Vermelha traz uma narrativa pelo ponto de vista de Mare Barrow, uma simples menina que vive miseravelmente em um casebre numa cidade precária. Neste mundo injusto ao qual somos apresentados, a sociedade é dividida entre os dominantes e os dominados.
Os Prateados são a elite, os nobres, visto como deuses. Eles tem poderes extraordinários, cada um mais interessante e fatal que o outro. Por sua vez, eles usam dessas habilidades como desculpa para sua superioridade em relação a todos os outros.
Os Vermelhos são praticamente escravos. Tem empregos degradantes, a comida é escassa, as condições de moradia são terríveis e não tem voz ativa de maneira nenhuma.
No meio disso tudo, em um evento especial da Familia Real, Mare simplesmente surpreende a todos: ela tem poderes. Uma Vermelha com poderes!
Uma Vermelha inferior ostentando um grande poder: isso é inadmissível para os Prateados. Algo precisa ser feito. É então que as mentiras vão engolindo Mare cada vez mais, puxando-a para um jogo perigoso, onde todas as alternativas a levam direto para a morte.

Li esse livro em mais ou menos oito horas. Não conseguia parar, ele é viciante.
A escrita é maravilhosa, e te prende em cada parágrafo. A curiosidade vai aumentando cada vez mais, até que você não consegue parar de pensar em como aquela bagunça toda vai se desenrolar. Porque parece sem escapatória. A autora força o leitor a pensar, a analisar, a desconfiar e tentar decifrar a personalidade de cada um.

Mare, a protagonista, é incrível. Tem a língua afiada e as mãos ágeis. Ela é uma batedora de carteira talentosa e não tem paciência para conversa fiada. Se algo tiver que ser dito, ela dirá.
Adorei a força e coragem dela, me cativou desde o início.
Os príncipes Mavene Cal são um enigma até agora. Passei horas lendo sobre eles, analisando suas ações, absorvendo suas falas, e ainda assim, não sei quem são de fato e quais são seus verdadeiros objetivos. Não confio neles, e ao mesmo tempo, me apaixonei pelos dois.  Maven com certeza foi quem mais me chamou atenção, a construção de sua personalidade foi feita de modo brilhante.
A Rainha Elara é uma versão com poderes de CerseiLannister. Ama somente a si mesma e ao filho e todos os outros que vão para o inferno. É ardilosa e perigosíssima.  Mas poderia ser uma aliada?
Aliás, quem são os verdadeiros inimigos? Essa pergunta me assombrou a cada página.
Todos os outros personagens são igualmente cativantes, até mesmo Evangeline, uma prateada que pareceu saída de Meninas Malvadas para destilar tanto veneno que a mais perigosa das cascavéis ficaria com inveja. Amei odiá-la.
Lucas Samos, o quase guarda-costas de Mare foi outro que ganhou meu coração. Além de Shade, Gisa e Kilorn.

Apesar de tantos elogios, vi algumas reclamações sobre o livro ser uma possível mistura de várias outras sagas de sucesso. Confesso que vi sim, certa semelhança comJogos Vorazes, Trono de Vidro, A Seleção e atéAs Crônicas de Gelo e Fogo. Mas não é segredo que a autora se inspira nestas sagas.  Não acho que seja motivo para desmerecer tanto o talento quanto o sucesso de A Rainha Vermelha.
É uma leitura que com certeza vale a pena. E agora só resta a nós, pobres mortais, esperar a continuação pelo que parece ser uma eternidade. 

-- Juliana Coutinho.

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